A Rentabilidade do Aluguel de Usinas

No âmbito da Geração Distribuída, muitas são as possibilidades de se implementar Modelos de Negócio alternativos em relação à venda e instalação tradicional de sistemas fotovoltaicos.

Nos últimos anos vem crescendo no Brasil o Modelo de Aluguel de Usinas, para atender aqueles consumidores que não pretendem investir capital em geração solar própria.

Além disso, aqui na Solar Finance, temos notado uma alta demanda por este modelo de negócio, e muitos são os investidores que buscam implementar uma primeira usina, de pequeno porte (até 75 kW) e com ela entender o negócio e assim buscar escala para novas usinas fotovoltaicas.

Pautado nessa demanda, bem como na necessidade de esclarecer alguns pontos muito relevantes para este tipo de projeto, a Solar Finance construiu um cenário de viabilidade econômica demonstrando a rentabilidade de uma usina deste porte nas 39 principais distribuidoras de energia do país, para demonstrar ao mercado uma referência do quanto uma usina como esta rentabiliza o capital aportado por quem investiu ou deseja investir.

JÁ VIU NÚMEROS DESTE MODELO DE NEGÓCIO?

Veja abaixo o gráfico e a tabela representando de forma compilada os dados da rentabilidade do projeto se estivesse operando agora em 2022:

Os dados acima foram obtidos através de uma simulação de viabilidade econômica feita pela Solar Finance, simulando uma usina solar sendo instalada na respectiva região de cada distribuidora de energia demonstrada, utilizando-se dos seguintes critérios:

DADOS DA SIMULAÇÃO

• Potência: 100 kWp / 75 kW;
• Estrutura: Fixa de Solo;
• Geração solar: utilizados parâmetros médios de mercado de Performance Ratio e Irradiação conforme dados do CRESESB, bem como considerada as perdas do sistema FV no 1º ano de operação da planta;
• CAPEX da usina: R$ 4,50 / Wp instalado;
• OPEX: 3,00% do CAPEX ao ano;
• Base tarifária: Respectiva tarifa em baixa tensão comercial da distribuidora local;
• Desconto simulado: 10%;
• Simulado enquadramento na modalidade de Autoconsumo Remoto;
• Enquadramento tributário simulado: Lucro Presumido;
• Usina enquadrada em Micro GD, tendo como custo do fio o valor relativo à 100 kWh/mês (conexão trifásica);

As distribuidoras Light, Enel RJ e Energisa Borborema já tiveram seus respectivos aumentos tarifários ocorridos em 2022, e já constam nesta análise as tarifas atualizadas. As demais distribuidoras ainda estão à espera de seus aniversários de alteração tarifária e, portanto, tiveram os seus resultados pautados nas tarifas atuais (sem levar em conta nenhuma estimativa de aumento ou redução tarifária).

Veja a  seguir tabela mais detalhada, demonstrando inclusive uma expectativa de faturamento anual da usina e do seu respectivo lucro, se estivesse operando neste ano de 2022, dada as premissas utilizadas:

RESULTADOS

Percebe-se que a rentabilidade dessa usina nas distribuidoras Light e Enel RJ se mostraram mais viáveis em relação às demais, isso se explica pelo recente aumento tarifário em cada uma dessas distribuidoras.

Light: +15%

Enel RJ: +17%

Este fato encarece o preço da tarifa e naturalmente aufere mais receita à operação. A Cemig não fica distante e aponta como 3ª colocada, fato que pode mudar dependendo do quanto vir de reajuste esse ano na distribuidora.

Foi utilizada como referência a Taxa SELIC atual (11,75% a.a.) para demonstrar em quais locais a usina remunera o capital aportado acima deste patamar ou não. Um detalhe importante é que, mesmo tendo dado um resultado desfavorável em alguma distribuidora hoje, isso não indica que o projeto deve ser descartado. Há estratégias que serão descritas abaixo e que, se bem detalhadas, serão a chave para o sucesso da sua usina sair do papel e gerar rentabilidade adequada para o seu investimento.

E COMO MELHORAR A RENTABILIDADE DO PROJETO?

Os dados da simulação feita foram pautados em médias de mercado de CAPEX, OPEX, expectativa de geração de energia da planta etc. Para que você possa contar com um projeto ainda mais rentável, você deve se atentar para:

CAPEX

Termo do inglês que significa Capital Expenditure. Traduzindo, representa o valor total do investimento do projeto. Este valor deve ser o menor possível, observadas todas as necessidades do projeto, a fim de realizar um investimento enxuto e de maior custo x benefício.

Geração de Energia

Dispor de softwares de simulação adequados e contar com equipe especializada são algumas das estratégias que se deve buscar para melhorar a eficiência de geração da usina. Veja a seguir alguns tópicos relevantes para serem analisados:

• Oversizing;
• Uso de módulos de maior potência ou mesmo módulos bifaciais;
• Uso do tracker (seguidor solar);
• Uso de otimizadores de geração.

OBS: Deve-se analisar o custo-benefício de se investir em soluções que geram mais energia, mesmo que aumentando o CAPEX do projeto. Como o alvo é a rentabilidade, há fatores que se bem desenhados, fazem o projeto ter uma melhor rentabilidade. Neste caso deve sempre se realizar simulações de viabilidade do projeto para definir, no seu projeto, quais parâmetros causam este efeito benéfico e quais podem reduzir sua rentabilidade.

OPEX

Termo do inglês que significa Operational Expenditure. Traduzindo, representa o custo da usina após entrar em operação. Veja alguns itens do OPEX que precisam ser pensados com cuidado, para que sua usina seja eficiente em custo, mas que não deixe de contar com tudo que se faz necessário para o seu adequado funcionamento:

• O&M (Operação e Manutenção);
• Seguro Operacional;
• Gestão dos Créditos da Usina;
• Gestão Administrativa e Comercial;
• Segurança, CFTV;
• Arrendamento do Lote da Usina;
• Custo do Fio da usina e entre outros.

Local da Usina

Instalar a usina sobre telhados reduz o CAPEX, pelo fato de se utilizar estruturas menos onerosas para a implantação. Além disso, se a usina instalada estiver alugada para o consumidor que se encontra no mesmo local, boa parte da energia será autoconsumida e não será totalmente injetada na rede, isso reduz o impacto dos impostos que não são compensados, como o ICMS na TUSD por exemplo, aumentando a economia do seu cliente e também o quanto se pode cobrar pelo aluguel da usina.

Modelo de Negócio

Há Estados onde a instalação de uma usina solar em Geração Compartilhada, por exemplo, não rentabiliza no mesmo patamar que projetos enquadrados em Autoconsumo Remoto. Isso se deve basicamente pelo fato de haver cobrança de ICMS na compensação dos créditos. Estados como MG, RJ e ES possuem legislação específica que garantem tal isenção em qualquer modelo de negócio adotado, mas os demais Estados não possuem tal benefício.

Desconto ofertado

Analisar o desconto que será ofertado aos consumidores finais, para que a usina não perca receita a ponto de inviabilizar a operação. A média de mercado está entre 10% a 20% de desconto sobre o valor da tarifa. Deve-se tomar cuidado com este ponto, pois alugar uma usina é legalmente possível, mas tentar vender energia (direta ou disfarçadamente) é ilegal, portanto sempre busque advogados especializados para elaborar as minutas contratuais que serão utilizadas no seu projeto.

Financiamento

Ao invés de utilizar todo o capital próprio para realizar o investimento, você pode contar com financiamento que alavanque o seu projeto. Como isso funciona?

• Quando utilizamos financiamentos que possuem juros e prazos adequados, você pode melhorar ainda mais a sua rentabilidade, pois não desprende todo o seu capital no projeto, e ainda conta com a própria geração de caixa da sua usina alugada para repagar a dívida e ainda obter lucro ao mesmo tempo.

Enquadramento tributário

Para elaborar o modelo de negócio, deve-se optar por uma modalidade tributária que mais faça sentido à atividade em questão. No exemplo simulado, o faturamento da usina teria um impacto tributário menor no Simples Nacional do que no Lucro Presumido, mas deixamos a análise conservadora, pois o Simples Nacional possui restrições que às vezes impedem alguns investidores interessados em implementar um negócio como este.

Ponto de Atenção

Essas são as premissas mais analisadas na hora de se implementar uma usina solar fotovoltaica, e alugá-la a consumidores finais. Vale ressaltar que as premissas e discursos utilizados neste material foram pautados nos dados levantados pela Solar Finance, e não representa garantia de rentabilidade perante algum investimento que venha ser feito.

Todo e qualquer projeto deve ser analisado por alguém especializado e com muito critério para possibilitar que seja feito um investimento com o maior êxito possível ao Investidor.